"Gentil" de gentileza, perfil biográfico (estilo livre) do cidadão indaiatubano Professor Gentil Gonçalves Filho escrito por mim que faz parte do livro "Solaris" Histórias e Personagens da Terra do Sol (Indaiatuba-SP), MHK Editora 2013 (Celso Falaschi e Mônica Kimura, org)
“Gentil de gentileza”
Sergio Eduardo
Del Corso
Primavera de dia. Quente já logo pela manhã. Claro. Bonito.
Cheio de luzes por todos os lados. Dia de sol na cidade onde ele mora.
Chego à frente da casa e logo percebo que existem dois
números 165 e 319. Isto depois da dúvida de pensar que poderia ser o 309. Porém
a informação que tinha era 319. Porque o 165? E uma placa no alto com duas
letras: AG.
Logo vejo o Professor. Ao fundo atrás da garagem numa
espécie de cômodo profissional. Estava sentado. Na sua frente uma mesa.
Provavelmente onde fica o computador. Eu creio que é o escritório dentro do seu
lar. E uma música clássica levita no ar tomando conta de todo o espaço: Chopin,
Beethoven ou Mozart? Não consigo identificar e penso em depois mais tarde
perguntar. O importante neste momento é que a recepção foi muito agradável.
Apresento-me. E o Professor identifica-se Gentil
Gonçales Filho. Gentil de gentileza. Isto estava mais que claro. Gonçales
diretamente de Espanha. Com ou sem permissão de Don Quijote de la Mancha. De Jaén
ou como dizem os andaluzes Xaén. Jaén ou Xaén da Andaluzia.
Província linda, exuberante e sempre vibrante com a cor vermelha como bandeira.
Bandeira não da região, mas sim do povo. Das suas calles, da força dos seus olhares, das casas pintadas de branco, da
forma enérgica de falar, dos seus dialetos locais, do poder das suas danças, da
sua alegria contagiante e do sol que desenha as imagens da Andaluzia quase o
ano todo mesmo estando em um continente dito como frio. O continente da mademoiselle Europa. Misturas
de árabes e europeus. Vermelho vivo como o sangue da vida. E Filho? Filho
porque é filho. Filho do sul da Espanha que até uma Costa do Sol tem. Talvez inspirados
pela luz andaluz provavelmente a família Gonçales de forma tão gentil chegou à
Cidade do Sol. Sol lá, sol cá.
O Gonçales chama-me a atenção. Porque em espanhol há
muitas versões do original sobrenome Gonzalez.
Pode ter acento agudo no a. Trocar o s pelo primeiro ou segundo z. O apellido
Gonzalez possui diversos escudos e brasões. Mas eu acredito que esta versão
do sobrenome Gonçales é a do ser humano que registrou os nomes de seus
ascendentes familiares originários de Espanha no momento da chegada ao Brasil.
Este tal relações públicas brasileiro
que recebia os imigrantes depois de meses de viagens por mares nunca de antes navegados que se ocupava de registrar os que
aqui chegavam em Terras de Esperanças
Brasis não dominava muito bem as letras. Vogais ou consoantes. Nenhuma
delas. Trocava tudo. Pode ser que não era poliglota. Afinal para todos naquela
chegada triunfante o mais importante não era como quão bem se escrevia este ou
aquele sobrenome, mas com muita garra, com a ajuda de Deus e ensolarados por poemas de Luiz Vaz de Camões italianos,
espanhóis, portugueses de Portugal, japoneses, africanos, árabes, negros,
amarelos ou vermelhos, brancos também, judeus, asiáticos mil, tantos diferentes
europeus e todas as pessoas de diferentes partes do mundo cantavam o Universo e vinham ao Brasil buscando o novo Reino que tanto sublimaram. Pois
todos unanimemente tinham as lembranças
que na alma lhe moravam. E com estas lembranças
construiriam o novo Reino. As lágrimas choradas transformaram. Já
não eram tempos de chorar. O passado ficou lá atrás. Novos ares, novos lares.
Ou será que o “rpBb” (relações públicas do Brasil
brasileiro) ficava tão maravilhado com tanta gente de diferentes cores, olores
e sabores que esquecia de escrever direito? Pode ser que pensava: Deus se utiliza de ventos contrários para
nos conduzir ao porto. Realmente. Ao porto que ali estavam todos. O porto Brasil.
Pronto para receber todos de braços abertos e fronteiras abertas viessem de que ventos contrários fossem. Ou registraram o sobrenome errado
totalmente errado no cartório. Em bom português ou bueno espanhol o importante é que Gonçales significa aquele que já está salvo. Está salvo em
qualquer idioma.
A sala não tem televisão. Sinônimo de pessoas educadas
e cultas. A sala é lugar de gentes. Conversar
e contar boas histórias. Visitas. Olhos nos olhos. Sorrisos sinceros. Risos
espontâneos. De vários tipos de sucos com ou sem açúcar. Água ou até um café. Ir
e voltar à Europa várias vezes. Dar a volta no mundo. Entrar e sair. Sentar e
levantar. Pode ter batatas fritas ou coxinhas sim senhor. Afinal é sitio para charlar. Nas paredes alguns quadros
de flores. Tem um que penso que é de Monet. E até alguns quadros com Deus como Barco Rebocador. Janelas com cortinas brancas
e de linhas suaves que faz com que eu sinta-me ainda mais à vontade. Sala que
abraça. Sala grande como o coração.
Gentil é simpático logo de entrada. Não há frescura. É
o que é. Transparente como seu próprio ethos.
Segundo o próprio ser ele mesmo sem
máscaras. E a sua Indaiatuba é o
cenário perfeito para que ele possa passear
o seu ethos com naturalidade e de maneira verdadeira. O seu porto seguro. Há
24 anos leciona filosofia na escola estadual Dom José de Camargo
Barros. Escola que tem até blog. E um pipoqueiro
famoso. Nasceu já fazem cinquenta anos no Hospital Augusto de Oliveira
Camargo. Quantos Camargos daqui e
dali. Camargos seus, camargos meus.
Sua esposa Ana Maria Soares. De
primeira formação contadora não de histórias, mas sim da contabilidade mesmo. E
Ana também é professora. Professora de História. Graduação universitária.
História da História mesmo. Nasceu no dia 19 do mês de novembro do ano de 1964.
Os dois juntos professores no amor. Como os dois nasceram na Terra dos Indaiás o Sol tratou de selar
os seus destinos. De maneira bem
calorosa.
Ana diz que o Professor Gentil é uma
lenda urbana. De fato Gentil é uma legitima
lenda urbana. Cheguei ao
Professor através da recepcionista da biblioteca municipal Rui Barbosa. Que por
sinal é ao lado da escola Dom José ou ao lado do pipoqueiro famoso. Como
queiram. Comentei para ela que precisava biografar uma cidadã ou um cidadão
desta Terra e também Morada do Sol e
a jovem sem pestanear ou pensar sequer por apenas um segundo soltou imediatamente:
Professor Gentil!
Assim são as lendas urbanas. Quando
somos interrogados sobre algo de nossas cidades sempre em primeiro pensamento aparece
o nome de alguma lenda. A propósito o nome da jovem da biblioteca é Debora. Não
sei se com acento agudo no e, no o, no a ou com final h. Algum
dia irei novamente à biblioteca ler um livro e perguntarei à ela. Sei que a
Debora foi a responsável por eu estar sentado aqui nesta sala sem televisão. Para
mim sem televisão é excelente sempre. Agora ou mais tarde. Tomando suco. Com
açúcar, adoçante não. Muito obrigado.
Gentil tem uma imagem perfeita na sua
mente que foi determinante na sua vida e que foi o primeiro momento da incomum, mas maravilhosa história com
sua esposa Ana: ... sentada na sarjeta com um vestido branco... E ele tinha
cinco anos. Que memória. Podemos não lembrar de quase nada nesta vida, mas a
lembrança do amor todos nós nos lembramos sempre. Apenas uma imagem. Sentada na
sarjeta. De vestido branco.
Antes disto com apenas três anos
lembra-se da imagem de uma galinha. Seus pais tinham uma criação. E como gosta
de galinha a imagem é marcante para ele. No viveiro de madeira. Não se lembra das
cores. Acha que esta galinha em especial era marrom ou vermelha. As galinhas
têm cores de todos os tipos. Galinha simboliza simplicidade, naturalidade e o
imaginário feliz e tranquilo das roças.
Agora a cor não é tão importante assim. Eu gosto de galinhas e não me lembro o
porquê. Também gosto de cores. Galinhas de cores ou calmarias de roças. Tranquila paisagem. E imagem.
Apesar que esta história incomum entre os dois tiveram alguns
anos que não foram escritos porque a família de Ana mudou-se para Monte Mor. Até
aqui tudo comum. Reencontraram-se alguns anos depois na faculdade. Mas nem tudo
foram flores. Muitos rancores. Trabalhavam juntos na mesma empresa como
inimigos. Chegando a tal ponto a inimizade que Ana pediu demissão. Mas não
parou por aí o reencontro. Foi uma
autêntica guerra emocional em que os dois lados inteligentes e engenhosamente
hábeis em estratégias do eterno dilema mulheres contra os homens e vice-versa
duelaram fortemente. Com bravuras espanholas e teatros italianos. Escorpião
contra virgem. Virgem com a ajuda de algumas cobras contra escorpião. Foram
muitas batalhas. Interrupções para responder perguntas feitas por parte de
vários alunos nos horários dos sagrados almoços, vendas de coisas e pertences nos jornais por duas semanas com anúncios sempre
ao lado das orações de simpatias, uma
suposta sobrinha de Getúlio Vargas entrou na história, lembrete para visitar
a mãe no hospital escrito na lousa do porão
da universidade, mas que por favor
ninguém apague isto, muitos telefonemas de compradores, mas muitos mesmos e
ao final casamento no feliz ano de 1998. Não vou detalhar tudo porque hoje
vivem felizes e faço bons votos que viverão para sempre. Nesta história da
contadora professora de história e do filósofo lendário urbano não só o final
foi o casamento como os dois lançaram
juntos no dia 29 de junho do ano 2001 para as
paradas de sucessos do Brasil ou do mundo Bia Büll. O seu nome completo já é universal: tem origens na
Alemanha, Suíça, Itália, Portugal e logicamente Espanha. Vocês ainda não
ouviram falar de Bia Büll, mas no
futuro ainda ouvirão falar dela seja como baterista, como música, como jovem
talento da literatura, como pintora de quadros ou como criadora de blogs, sites
e vídeos. Pode ser que a conhecerão por ser tudo isto citado ao mesmo tempo.
Porém neste momento Bia Büll faz
muito sucesso como amiga. Amiga sincera das suas amigas. Amizade clara. Como indaiatubana que é Bia Büll
sabe que é a cidade onde o sol tem calor
de amizade. Foi o Padre Chico que
criou esta frase não ela. Bia Büll
guardem bem este nome artístico. Atualmente também desfruta de ser a filha
amada do casal AG. Agora sim A de Ana e G de Gentil igual na placa que está na
parede da frente da casa. Ponto explicado.
Voltando à maravilhosa Terra de Cervantes na província de
Andaluzia... Os andaluzes têm muito
este bom hábito de colocarem placas com nomes nas suas casas. São os próprios
nomes ou os sobrenomes das famílias que se uniram. Ou algum com significado
comum para todos da família.
Ele nasceu no dia cinco de setembro.
Dia de São Gentil na Itália. A sua avó materna inclusive chama-se Carolina
Tempesta. Tempesta em italiano significa
tempestade. Para uma lenda urbana a tempestade é sempre uma amiga. Grande amiga.
Sua família morava na rua 5 de julho
quando nasceu. Era 1963. Seis anos depois mudaram-se para a rua Humaitá. Desde
aí via o pôr do sol, a estrada para Elias Fausto e os faróis acessos dos
automóveis.
Neste exato momento na sala a lenda diz que sente saudades da
tranquilidade do passado na cidade. Da tranquila avenida Kennedy. Avenida esta
que foi um ponto de total transformação no desenvolvimento da Terra das bicicletas. Uma ruptura entre
o passado e o moderno. Assim como foi o verdadeiro Kennedy que mudou completamente
a visão das pessoas em todos os Estados Unidos. No norte da América. Um norte antes
e um depois de Kennedy.
Lembra-se com total exatidão do
lanche biônicão. Que era vendido
perto do Banco Bradesco. E que quando passa nos dias que correm hoje na frente
da loja do Magazine Luíza no centro a sua memória sempre o leva aos tempos do cinema
Alvorada. Doce Alvorada da Luíza até
poderia ser título de um filme que outrora fôra projetado neste cinema tão
lembrado por vários indaiatubanos. Estes
ainda conservam as lembranças de dias felizes passados dentro deste cinema nas
alvoradas das tardes ou das noites. Tempos que Gentil diz que está muito
presente nas cabeças de muitos tradicionalistas da cidade. Apesar de já terem
passadas muitas décadas de anos.
De repente sem avisar sem nada
somente latindo entra a cachorra
Daisy na sala. Sinto duas lambidas da Daisy. Talvez seja a forma de ela me
cumprimentar. O seu “seja bem-vindo” canino. Para apresentá-la totalmente seu
nome completo é: Triaccan Irish Daisy Pop.
O seu nome encaixa-se perfeitamente na forma de Daisy ser. Cachorra bonita e
bem tratada. Com simpatia irlandesa.
E bem parece mesmo pop. Popular. E o Triaccan impõe respeito. Como ela é
quando chega. Grande e alta impondo muito respeito. Daisy de Daisy mesmo.
Conta com grande entusiasmo e alegria
de menino que quando montados em uma bicicleta
Monareta ele pilotando e o irmão
Edson na garupa desbravavam mundos novos
e diferentes. Mundos estes que
iam da rua Humaitá até onde atualmente está o restaurante João Coragem. Em
cabeças de meninos bandeirantes
afrontavam todos os obstáculos que à frente deles se entrepunham desde a origem
até o final da honrosa trajetória. Podemos
imaginar um dia após a primeira viagem dos bandeirantes
de Indaiá a notícia de primeira página nos jornais solares (os mesmos que publicaram anúncios sobre vendas de coisas e pertences): “Os astronautas Gentilzinho e Edson acabam de
atravessar a órbita entre os planetas Humaitá e Corajoso com uma espaçonave
chamada Monareta”. Gentilzinho é
o nome carinhoso que a sua mãe chama-o até hoje.
Pausa para mais um suco. Uma água.
Umas batatas.
E agora Ana me explica alguns dos
quadros que estão nas paredes da sala. Sala que agora até parece a minha
própria sala tamanho o sentimento de bem-estar que sinto. Três são especialmente
citados com muito carinho. Ana fez as encomendas dos quadros à sua amiga Wilma
para que pintasse dois que estivessem ela, Gentil e Deus próximos às marinas.
Pedido feito. Brilhantemente como uma
poeta com tintas nas mãos Wilma pintou três barcos próximos às marinas. Um
barco rebocador que vai na frente simbolizando Deus guiando-os em direção aos seus
destinos, um barco bem atrás do Rebocador
que seria Ana e outro ao lado que é Gentil. Com toda beleza da Natureza à
volta, suas paisagens, as águas, o céu... Detalhes que me inspiram a arriscar
dizer que traduzem a felicidade do casal. Tudo muito sutil e de uma
espiritualidade muito aguçada. Mas foram três quadros pintados e Ana havia
pedido somente dois. O terceiro afinal foi uma surpresa de Wilma para eles. Ela
o pintou sem Ana nem Gentil saberem. Apesar que Ana adquiriu também um ou dois
quadros mais de flores da amiga e artista plástica. Cita os quadros de Monet.
Aponta para um quadro feito pelo amigo pintor e vizinho Norberto. E depois
vamos à cozinha onde na parede mostra um quadro em que Norberto pintou ou desvendou toda a alma de Ana. Realmente
só os artistas abençoados com sensibilidade divina têm esta capacidade de pintarem almas.
Aproveitamos e entramos no quarto da
mega star Bia Büll. Um local recheado
de quadros pintados por ela. Representando o século XXI estava a sua conexão
digital que a coloca em contato com o mundo: o seu tablet modelo 2013. E um conjunto de cores entre paredes, quadros,
almofadas, lençóis e demais pertences de
Büll que mostram a capacidade artística e inovadora da jovem. Um autêntico
caleidoscópio criativo. Também está um quadro que ocupa toda uma parede do Bia´s World pintado por Norberto que
levou cinco anos para acabar de pintar. Um quadro cheio de simbolismos da
infância, juventude, passagens para outros mundos e realidades, das transformações,
própria vida, das alegrias, das felicidades, dos desafios, das surpresas e algumas
pinceladas de diversos reinos imaginários
ou não. De relance fixo outro quadro com um fundo vermelho pintado por Bia. E
aí está. Como um DNA. Vermelho a cor do sangue. Sangue espanhol. Sangue de quem
já está salva.
E quando voltamos à sala do aconchego
queremos todos saber: Qual é a última do
Gentil?
Então ele comenta da lembrança da primeira
professora de alfabetização: Iraciara. Nome indígena com linguagem tupi porém
ensinava meninas e meninos escreverem a língua dos homens e a falarem a língua dos
anjos. A mesma língua de Gil Vicente. Atentos bem atentos o Vicente que é Gil
escrevia magistralmente não somente a língua dos povos lusos como divinamente la
lingua de Federico García Lorca. Era
o ano de 1969. Neste ano o mundo passava por transformações inimagináveis.
Agora se tudo isto passava na tela do cinema Alvorada já não sei. Vocês podem
imaginar?
E gentilmente teatraliza que a
primeira vez que foi à casa de Iraciara que ficava em outro planeta chamado Campinas viu uma estante cheia de livros
de cima até embaixo. E seus olhos brilharam. Brilho da fome e sede do saber.
Mostra-me agora as duas fotos de
casamentos que estão em cima de uma pequena mesa: a de seus pais e a de seus
sogros. O interessante é que tanta a sua mãe como sua sogra estão de vestidos
brancos. Nada raro para casamentos, mas a minha mente lembra-se imediatamente
da visão inesquecível de Gentil: ... sentada na sarjeta de vestido branco ...
Gentil discursa agora sobre o passado
e o presente do Sol. Desculpem-me de Indaiatuba. E chega a uma conclusão de que
todos os produtos vendidos na cidade são afinal de excelente qualidade quer
adquiridos deste lado ou do outro lado da linha do trem. Sem nenhum tipo de
preconceito mais.
Ana, Bia e Gentil surpreendem-me ao
dizerem que todas as pessoas que os visitam pela primeira vez têm que
escreverem em um caderno de memórias da família. Escrever com uma penna. Tradição originária de jantares
de sextas-feiras. E tento traduzir em palavras todas as mágicas vibrações sentidas
por mim naquela sala de tantas histórias, bons sentimentos, passados honrados,
futuros prometedores, sabedorias, encontros e desencontros da vida que depois
fazem com que todos nos encontremos de novo de uma forma ou de outra, muitas
risadas, sucos, águas, batatas... Tudo com muita gentileza.
Faço um grande voo de imaginação... E
pensar que os primeiros indícios da Cidade do Sol datam de 1200... O que será
que os nossos indígenas indaiatubanos pensavam... Na alvorada do que poderia
vir a se transformar esta grande tribo.
Penso que há muito sentido em ter
dois números na frente da casa tão gentil que me abrigou nesta linda e
ensolarada manhã: 165 significa o passado glorioso, a tranquilidade, o
Alvorada, as bicicletas, os raios ultravioletas e as memórias de grandes
indaiatubanos e o 319 o novo, o progresso, os jovens aqui representados por Bia
e Debora que construirão um futuro próspero para esta cidade e a coesão de
todos os lugares e todas as nacionalidades em uma única tuba: a de Indaiá.
Estou me sentindo tão bem que até já
não tenho mais fome. E já não é mais manhã. Estamos no meio da tarde. Suco,
batatas, mais suco, sorrisos, risos... Duas lambidas.
Esqueço de perguntar quem era o
compositor daquela sinfonia tão maravilhosa que tocava quando cheguei. Uma
música é uma música. Preencheu os espaços de criação dentro daquela casa de
forma tão completa que o compositor cumpriu com o seu tratado de fé para com a
eternidade. Seja ele surdo ou não.
Sinto então um sentimento leve de
muita familiaridade. Professor Gentil tão próximo. Tão natural. Gentil é o
mesmo nome do meu pai. Por isto me senti tão familiar com esta família. Gentilezas
espanholas. Gentilezas italianas.
Todos seres humanos são iguais
debaixo do Sol.
Acima ou abaixo da linha do trem o
céu é o mesmo para todos.
14 de novembro de 2013 (Data
original)